segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Proposta de redação – Intolerância religiosa

Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma culta escrita da língua portuguesa, sobre o tema A tolerância bate à nossa porta exigindo ficar. Ser tolerante e coexistir com as diferenças é uns dos nosso maiores desafios neste século. apresentando experiência ou proposta de ação social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

O país, como a maior parte da América Latina, preserva direitos individuais e tolera as diferenças, segundo o Índice de Progresso Social de 2015

O Brasil é um país tolerante e com políticas de inclusão entre as melhores do mundo. É o que conclui o mais recente Índice de Progresso Social (IPS). Segundo o levantamento, indicadores brasileiros mostram elevados níveis de liberdade religiosa, apoio comunitário e tolerância com orientações sexuais diversas. Entre 133 países avaliados, ficamos num bom 24º lugar em “tolerância e inclusão” e num razoável 33º lugar em “direitos individuais”.

Apesar de episódios recorrentes de discriminação no Brasil, o país recebe avaliação positiva, principalmente em contraste com países da Ásia e da África que sofrem com conflitos diversos e falta de garantia de direitos individuais.
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“Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
E de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório”
Carlos Pena Filho

Os cartunistas assassinados em Paris se converteram em mártires da alegria. Morreram em nome do direito que temos de rir de nossos semelhantes. Isso mesmo: um direito. A liberdade de pensamento, a liberdade de reunião e a liberdade de imprensa incluem a liberdade de sátira. A liberdade de fazer caçoadas em público. Na frente de todo mundo. Em pouquíssimas formas de expressão o tema da liberdade é tão sensível quanto numa anedota. Em sua forma breve, na fugacidade de sua graça instantânea, uma tirada sardônica talvez seja a expressão mais fiel de como a liberdade pode ser delicada, efêmera, indefesa como um lírio no campo. Se você quiser, um lírio com nariz vermelho de palhaço, mas ainda assim um lírio no campo. Vulnerável, gracioso, gratuito e engraçado.
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O que o terror não aceita não é o que as pessoas fazem com a liberdade. O terror, como o totalitarismo, não aceita a existência da liberdade, independentemente do uso que cada um dará a ela. Assim, o terror não aceita a democracia. A simples possibilidade de que os encarregados de administrar a coisa pública, nossos negócios comuns, sejam eleitos por todos é incompatível com os fundamentos do terror. A democracia está assentada sobre a crença de que, se todos participam das decisões que afetam a coletividade, elas serão mais sábias e mais legítimas. O direito à educação e o direito à informação são uma decorrência lógica: sendo mais bem educado e mais bem informado, o cidadão estará mais preparado para delegar e fiscalizar o poder e, com isso, a democracia funcionará melhor. Também por isso, as liberdades de expressão, de culto, de pesquisa científica, de opinião, de reunião e de imprensa precisam estar garantidas. Se não há liberdade de expressão, de que modo poderemos conhecer as ideias uns dos outros? Eis por que sua liberdade depende da minha liberdade. Quanto maior a minha liberdade, maior a sua.


Alguns fatos de junho passado

1) No domingo passado, Kayllane Campos, de 11 anos, e outras sete pessoas voltavam de um evento religioso caminhando pela avenida Meriti, na Vila da Penha, quando dois homens que estavam em um ponto de ônibus do outro lado da rua começaram a insultar o grupo. Com Bíblias sob os braços, os agressores gritavam "Sai demônio, vão queimar no inferno, macumbeiros" e lançaram a pedra contra o grupo, segundo Kátia Marinho. A pedra bateu em um poste antes de atingir Kayllane, que chegou a desmaiar. Os dois agressores fugiram de ônibus.

2) Católicos, evangélicos, adeptos do candomblé, da umbanda e de outras religiões se reuniram em um ato contra a intolerância religiosa na manhã deste domingo (21 de junho), no largo do Bicão, na Vila da Penha, zona norte do Rio. A manifestação ocorre uma semana depois de a estudante Kayllane ter levado uma pedrada na cabeça quando voltava de uma festividade do candomblé. Cerca de 400 pessoas participam do ato neste domingo.
[UOL Notícias/Agência Estado]

3) Em 2014, o Disque 100 registrou 149 denúncias de discriminação religiosa no país. Mais de um quarto (26,17%) ocorreu no estado do Rio de Janeiro e 19,46%, em São Paulo. O número total caiu em relação a 2013, quando foram registradas 228 denúncias, mas, mesmo assim, mostra que a questão não foi superada no país. As principais vítimas são as religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
[Carta Capital]

Conceitos

Alguém já conceituou com propriedade: "A intolerância religiosa é um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas ou mesmo a quem não segue uma religião. É um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana."

Diante deste conceito amplo, poderemos, portanto, resumir como liberdade religiosa: 1) O direito de ter uma religião e crer num ser divino; 2) O direito de não ter uma religião e não crer em um ser divino; 3) O direito à neutralidade religiosa em espaços de uso comum (públicos).
[Michael Pereira de Lira, site JusBrasil]

Uma explicação
“O neopentecostalismo, em conseqüência da crença de que é preciso eliminar a presença e a ação do demônio no mundo, tem como característica classificar as outras denominações religiosas como pouco engajadas nessa batalha, ou até mesmo como espaços privilegiados da ação dos demônios, os quais se "disfarçariam" em divindades cultuadas nesses sistemas. É o caso, sobretudo, das religiões afro-brasileiras, cujos deuses, principalmente os exus e as pombagiras, são vistos como manifestações dos demônios.”
[Vagner Gonçalves da Silva, professor de Antropologia, USP]

Um ateu
Sou ateu e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos. (...) Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam. Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta. Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.
[Drauzio Varella, Folha de S. Paulo]

Um debate
Para o pastor Sezar Cavalcante, reitor da Faculdade Teológica Betesda, de Campinas (SP), os evangélicos têm o direito de pregar contra as religiões de matriz afrobrasileiras, como a umbanda e o candomblé, desde que não usem de força –como invadir terreiros. Preceitos desses credos, como o culto politeísta aos orixás, seriam pecado, diz, se entendermos que pecado "é o que errou o alvo" de Deus, diz. Rodney William, doutorando em antropologia em PUC e babalorixá do terreiro de candomblé Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá (zona norte de São Paulo), argumentou que cada religião tem sua própria régua para determinar o que é pecado.
[TV Folha]

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