terça-feira, 25 de agosto de 2015

Prosa Contemporânea Brasileira - Breve resumo

Quanto à padrões estilísticos e temas, a prosa contemporânea segue aberta e livre de categorizações enquanto escola literária. Diferente dos demais movimentos literários, a contemporaneidade surge com a mesma "sede" de inovação impulsionada pelas Vanguardas Europeias, que culminaram na Semana da Arte Moderna.
No cenário sócio-histórico-cultural, o país vivenciava momentos de tensão, repressão e insegurança, uma vez que nas décadas de 60 a 80, o Brasil passava pelo Regime Militar. Nesse contexto de sufocamento das Artes em geral, a Literatura se fez marginal, revolucionária e buscava refletir em seu âmago todos esses sentimentos reprimidos pela censura.
Assim, os temas trabalhados e ilustrados nesse período passaram a ser diversos e voltados para a questão da sociedade em si. Surge então histórias baseadas na realidade violenta, em personagens marginalizados, em problemas cotidianos bem como a natureza do ser humano frente às diversas situações correntes em sua existência. Os contos predominam a produção escrita nesse período.
Como já mencionado, os escritores desse movimento não mantiveram padrões estéticos semelhantes em suas produções, o que acabou por gerar algumas vertentes distintas que figuravam o cenário literário da época.
Dentre as mais recorrentes, pode-se citar a vertente brutalista, cuja preocupação era expor e apresentar de forma impactante a violência dos centros urbanos bem como a condição marginalizada da classe menos favorecida. Sua linguagem é bem próxima à oralidade e sua construção textual é pobre em adjetivos e permeada por frases curtas. Como principais representantes, temos Rubem Fonseca e João Antonio.
Temos ainda os romances históricos, que se sobressaíram como reflexo do Golpe militar de 1964, cujos tema era a repressão e as torturas vivenciadas pelos grupos reacionários. Como exemplo dessa vertente, temos Fernando Gabeira, que em seu livro, "O que é isso companheiro", descreve bem toda essa luta.
Por fim, têm-se ainda a vertente intimista que se volta para o ser humano enquanto indivíduo subjetivo e ativo no processo de construção de sua imagem perante os conflitos em que é exposto. A prosa de Lygia Fagundes Telles é exemplo dessa tendência.
Importante ressaltar que diversas outras vertentes existiram nesse momento em caráter simultâneo.
(Kyssila Melo Macêdo)

Características de alguns autores

Dalton Trevisan, o polêmico vampiro de Curitiba, apresenta algumas características:
- linguagem elíptica, rápida (conhecido pela introdução dos minicontos em nossa literatura). 
- uso do sexo e da violência extrema. 
- discute sobre o anonimato do homem comum nas grandes cidades. 
- heróis sem heroísmo. 
- personagens perturbados e com moral discutível. 
- os homens são vistos como conquistadores cafajestes. 
- as mulheres aparecem como meros objetos sexuais. Há uma preferências pelas desajustadas: gordas, velhas, feias, prostitutas. 
- uso de linguajar chulo, quase pornográfico.
Lygia escreve investigando os recantos da alma humana , em sondagem psicológica permanente .
-Seus personagens em particular os femininos , são misteriosos e complexos, marcados pela reflexão e pela fragilidade, mais também pela inquietação.
-Procura apresentar com a palavra escrita a realidade envolta na sedução do imaginário e da fantasia.

João Antônio foi o intérprete do submundo, o escritor da marginalidade. Seus personagens são as criaturas que vivem na periferia das grandes cidades e da vida, operários, biscateiros, soldados, crianças abandonadas ou quase, prostitutas, pedintes, homossexuais, jogadores de sinuca, desempregados, gente que se reúne nos cenários da periferia, vilas e favelas com seus botequins, seus campos de pelada e as diversas curriolas do vício e do crime. Rio de Janeiro e São Paulo são apresentados ao leitor não como o cartão postal a que está acostumado, mas no conjunto espantoso de seus contrastes e na extraordinária vibração humana de seu cotidiano. Sua linguagem  é a um só tempo elaborada e malandra, o que a tornaria única na literatura brasileira, não fosse a companhia de Plínio Marcos a trilhar pelo mesmo caminho. Mas, apesar da escrita elaborada, não se espere de seus personagens sentimentos falsos ou esperança de redenção: a realidade é tratada de forma lírica, mas sem dissimular seu lado cruel.

Rubem Fonseca inaugurou uma nova corrente na literatura brasileira contemporânea que ficou conhecida, em 1975 através de Alfredo Bosi, como brutalista. Em seus contos e romances utiliza-se de uma maneira de narrar na qual destacam-se personagens que são ao mesmo tempo narradores. Várias das suas histórias (em especial, os romances) são apresentadas sob a estrutura de uma narrativa policial com fortes elementos de oralidade. O fato de ter atuado como advogado, aprendido medicina legal, bem como ter sido comissário de polícia, nos anos 50 no subúrbio do Rio de Janeiro teria contribuído para o escritor compor histórias do submundo dentro dessa linguagem direta. Muito provavelmente devido a isso, vários dos personagens principais em sua obra são (ou foram) delegados, inspetores, detetives particulares, advogados criminalistas, ou, ainda, escritores.

Não deixem de reler o primeiro capítulo da apostila de vocês! Esse resumo serve para nortear o estudo.

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